Independentemente de ser no Nepal, Alpes, Andes ou na
Mantiqueira, o turismo de montanha está crescendo desenfreadamente, bom para
algumas empresas péssimo para o meio ambiente e para os montanhistas.
Este final de semana, fui guiar um grupo de São Paulo na
Serra da Mantiqueira, mais precisamente no Pico dos Marins.
Chegamos ao abrigo na base dos Marins na sexta feira às
19:00 hs, já havia reservado nosso alojamento com antecedência. (Por falar no
abrigo, a infraestrutura está cada vez melhor)
Às 23:00 hs já estávamos deitados em nossas camas, para
poder despertar às 5:30 da madrugada tomar o café da manhã e seguir rumo ao
cume a 2.420 metros, onde pernoitaríamos. Por volta das 1:00 da madrugada
chegou um grupo, que mesmo tendo sido avisados pelo SR. Dito, (dono do abrigo)
que havia pessoas dormindo, não se importaram e o falatório continuo madrugada
a dentro.
No horário combinado, despertamos tomamos nosso café e saímos
para trilha, havia muitas pessoas em todo decorrer do caminho, alguns com
caixinha de som penduradas para fora da mochila, tipo escolar, outros
desorientados pedindo informações e muita gritaria e barulho.
Havia cerca de 200 pessoas subindo, perto da metade do
caminho muitas começaram a voltar e vários grupos acamparam pelo caminho, mesmo
antes da bifurcação Marinzinho – Marins.
Tinha fila de pessoas para passar pela pequena escaladinha
antes da base do cume e nas rampas de acesso ao mesmo também.
Ao chegar no cume, montamos acampamento e em pouco tempo
estava lotado, perto de 100 pessoas, parecia um mercado de peixe, o falatório era
impressionante, um grupo chegou largou as mochilas e foram fumar seu baseado
nas pedras do cume e o falatório cada vez mais alto. Outro grupo chegou e a
primeira coisa foi ligar um baita de um som alto, por sorte era rock and Roll,
mas mesmo assim, não queríamos escutar nada no cume, só queríamos tranquilidade,
mas fomos obrigados escutar por horas. Um grupo do interior chegou com um saco
de carvão e uma peça de carne e logo tinha fumaça e o churrasco estava rolando,
outros com litros de cachaça e conhaque.
Após um tempo, alguns já bêbados outros já chapado de erva e
mais música super alta, virou um inferno, deitado da barraca fechava os olhos e
parecia estar no centro de São Paulo, sem exagero.
Passou das 22:00 hrs e a zona continuava, entre falatório
aos gritos, alguns roncando, arrotos supersônicos, palavrões e tudo que não era
para estar acontecendo ali, não podíamos dormir outra vez.
Por volta da 1:00 da madrugada ficou mais silêncio, já não
havia música, só roncos e peidos incríveis.
As 5:30 acordei para começar a preparar o café, a noite não foi
fria, chegou a 4 ou 5 graus. Ao redor do acampamento a cena era brutal, havia papel
higiênico e dejetos humanos de todos os tamanho e formatos espalhados por todas
as partes, moitas e pedras ao redor. As 6 em ponto o som alto voltou, desta vez
tocando black metal e assim tomamos nosso café da manhã no cume dos Marins.
Meu grupo ficou impressionado, pois foi a primeira vez deles
na montanha e para explicar que montanhista e uma coisa, turista, grupo sem
noção, grupo de maconheiros e grupo de bêbados são outra coisa.
Montanhistas haviam bem poucos, talvez uns 15, sei que a
montanha é para todos, mas está ficando insuportável a convivência com este
tipo de pessoas, com a falta de educação, com a falta de ética e a imundice que
essas pessoas fazem.
Eu pessoalmente não volto a montanha nenhuma em finais de
semana, só se for a trabalho e mesmo assim, avisarei ao grupo que é bem provável
que isso aconteça de novo.
Os montanhistas ou futuros montanhistas não irão encontrar o
que procuram indo a montanhas mal frequentadas, como está acontecendo em todas
as partes, e isso não é exclusivo do Marins.
Falta orientação, falta educação falta empatia e conscientização.
Para todos que buscam meu trabalho ou como guia ou como
instrutor de escalada, aqui ou nos Andes, sempre martelo no tema ÉTICA, MÍNIMO
IMPACTO e SEGURANÇA.
Por montanhas e momentos melhores.