ATIVIDADES EM MONTANHA X FRIO X VENTO X UMIDADE

1. Congelamento Generalidades: lesão da pele e às vezes dos tecidos profundos devido ao congelamento ou formação de cristais de gelo nas células. A lesão por congelação ocorre quando a temperatura do ar é inferior a -12 °C, embora possa aparecer a uma temperatura próxima do ponto de congelação (0 °C) quando são adicionados outros fatores, tais como ventos fortes, umidade ou arrefecimento geral do corpo. A lesão por congelamento inicialmente produz pouco desconforto, e a vítima pode não estar ciente disso porque o frio tem um efeito anestésico sobre os tecidos. Esta lesão desenvolve-se em três fases: avermelhamento da pele, formação de bolhas e, finalmente, morte das células da pele e dos tecidos subjacentes. Muitas vezes formam-se coágulos nos vasos sanguíneos. Em casos leves, formam-se frieiras. Casos mais graves podem levar a gangrena perigosa. A circulação sanguínea impede o início do processo de congelação. As partes do corpo mais freqüentemente afetadas são as mãos, pés (especialmente os calcanhares e dedos dos pés), orelhas, bochechas, queixo e nariz. O tratamento de primeiros socorros recomendado para ferimentos por congelamento é a aplicação de calor suave nas áreas afetadas e, se possível, a imersão em água quente. A massagem vigorosa deve ser evitada, pois pode causar mais lesões nos tecidos danificados. DEFINIÇÃO Lesões causadas por alterações na circulação causadas pelo frio e fatores adicionados, afetando as áreas mais expostas. FATORES PREDISPONENTES Vento e umidade Desidratação Altitude (hipoxia) Hipóxia poliglobulia Alterações na microcirculação DADOS ESTATÍSTICOS TOPOGRAFIA - Pés: 57%, de preferência dedo grande do pé (46%). - Mãos: 46%, preferencialmente dedo do pé médio (26%). - Rosto: 17%, orelhas, nariz e bochechas. - Joelhos e pulsos: 1,5%. SEXO - 87% Homens -13% Feminino IDADE - Média de 27 anos de idade. ESPECIALIDADES DE MONTANHA - Montanhismo: 56%. - Pista Esqui: 19%. - Esqui de travessia: 7%. - Esqui de fundo: 1,5%. TIPOS DE LESÕES - Superfície: 74%. Grau I: 41%. Superfície Grau II: 33%. - Profundidades: 26%. Grau II prof.: 18 Grau III: 8%.













CLASSIFICAÇÃO, NÚMEROS, CONGELAMENTO CONSTITUÍDO, GANGRENA, GRAU I, GRAU II, SUPERFICIAL, PROFUNDO, GRAU III SINAIS e SINTOMAS
CONGELAMENTOS SUPERFICIAIS (superficiais Graus I e II) - Palidez e eritema (vermelhidão da pele) após o descongelamento.
- Cianose (cor azulada da pele) transitória e muito leve. - Edema moderado. - Sensibilidade preservada ou ligeiramente alterada. - Bolhas de conteúdo claro. - Necrose muito superficial e improvável. Evolução: Cicatrização rápida, 4 ou 5 dias para grau I e 7 a 15 dias para grau II superficial. Efeitos secundários apenas em grau superficial II. CONGELAMENTO PROFUNDO (Graus de profundidade II e III) - Cianose importante pós-aquecimento. - Anestesia regional (falta total de sensibilidade) pós - sobreaquecimento. - Edema intenso, embora também possa ser moderado. - Bolhas significativas com conteúdo sero-hemorrágico. - Necrose profunda, que no grau III atinge o osso. Evolução:

Cicatrização próxima a 30 dias com perda tecidual mais ou menos significativa e sequelas frequentes de lesões profundas de grau II. Amputação e sequelas inevitáveis e duradouras para lesões de grau III.

Montanhista Solitário

Sabemos que geralmente são pessoas com muita experiência, geralmente cientes das exigências físicas e técnicas da atividade que estão fazendo e do risco extra que assumem por estarem sozinhos, mas também pelo mesmo motivo eles normalmente não estão dispostos a mudar sua situação, e é por isso que este texto não visa convencer montanhistas solitários a parar de fazer atividades solo (forçando-os a ficar em casa ou e, pior ainda, realizar atividades com pessoas que eles mal conhecem)

O processo usual que todos nós devemos seguir para realizar uma atividade de caminhada ou montanha com segurança (Planejamento + Equipamento + Atitude).

Planeje a atividade que você vai fazer sozinho
- Faça uma ótima logística, assim não precisará passar por mais perrengues que de costume.
Leve sempre, Headlamp com pilhas extras, capa de chuva, primeiros socorros (revisado), manta térmica, uma garrafa de água e algo de comer, independente da atividade ser um de 5 horas, 1 dia ou mais dias
- Escolha uma atividade um pouco menos complexa do que o máximo que você normalmente enfrenta com facilidade e tente se certificar de que a atividade NÃO te trará problemas.
- Calcular horários, distâncias e desistência. Pense em um plano alternativo, menos complexo ou mais curto, para que a teimosia não force você a realizar o primeiro.
- Verifique a previsão do tempo na região que você irá.
-  Avise uma ou mais pessoas de sua confiança para onde você vai com todos os detalhes possíveis e o tempo em que você planeja retornar.

Abaixo deixo uma declaração do montanhista solitário para você copiar imprimir e deixar com alguém de sua confiança




Declaração de Montanhista Solitário
Dados Pessoais
Nome completo:
RG:
Celular: (  )                          Telefone fixo: (   )
Quais são meus planos ___________________________________________________

Data do começo     /     /                           Data do término      /    /
Hora do começo                                       Hora prevista do término
Atividade:
Local:
Itinerário completo:

A quem avisar em caso de emergência:
Nome:
Parentesco:
Telefone fixo: (   )                                    Celular: (   )
Endereço completo:

Que equipamento levou com você? Marque com um X somente o que vai levar.

Celular com bateria                                Roupa quente
Carta do local                                         Headlamp
GPS                                                        Primeiros Socorros
SPOT                                                     Comida Extra
Apito                                                      Kit de sobrevivência
Roupa Impermeável                                Equipamento para pernoitar
Outros:

Como irá para o local:
Transporte público?            Qual:
Carro:
Marca:
Placa:
Cor:
Onde estará estacionado:

Para onde tenho previsto ir quando termine a minha atividade:






 Equipe-se corretamente:
- Bota ou tênis apropriados, roupas quentes, impermeáveis ​​ou corta vento, meia reserva chapéu e protetor solar, gorro e luvas se você for para a alta montanha ou locais mais frios, barraca, saco de dormir para temperatura da região para onde irá e isolante térmico.
- Kit de sobrevivência
- Mapeie o caminhante, bússola e GPS com a rota que você deseja fazer (lembre-se de que seu Smartphone também é um GPS).
- Celular com bateria carregada e carregador sobressalente, carregador solar ou bateria externa.
- Equipamento técnico corda, mosquetão, cordolete (piolet e crampons para alta montanha)
- Para completar, se sua atividade for no inverno ou alta montanha, será uma boa ideia adicionar um jaqueta leve e quente.
- Agir com muita atenção e consciência, este passo é fundamental.
- Levante-se um pouco mais cedo do que o habitual: você estará dando a si mesmo mais tempo se algo inesperado acontecer.
- Tente não alterar o plano inicial sem notificar a pessoa que você deixou a declaração (ou quem você deixou avisado).
- Sempre que puder, confirme por mensagem ou ligue para sua pessoa de confiança dizendo que está tudo bem.
- Avise os guardas parque (caso tenha) e se você não tiver sinal de celular no caminho para avisar a pessoa de sua confiança, eles também prestarão atenção especial à sua situação de montanhista solitário, se você pedir.
- Lembre-se sempre de comunicar quando será seu retorno.

- Verifique se o tempo não é um risco e se achar que é, volte.
Em montanha as mudanças meteorológicas quando está sozinho é um risco a mais, porque em uma emergência ou acidente a capacidade de reação, assistência e alerta é limitada ao grau de autonomia que o acidente permite ao lesado.

Lembre, ter equipamentos é não saber usar e o mesmo que não ter. Aprimore-se ao máximo em tudo que tem relação com as atividades que pratica, faça curso de primeiros socorros em áreas remotas, treine, tenha o máximo de experiência possível antes de fazer qualquer atividade em montanha.

MONTANHA X TURISMO X BEBIDA X DROGA




Independentemente de ser no Nepal, Alpes, Andes ou na Mantiqueira, o turismo de montanha está crescendo desenfreadamente, bom para algumas empresas péssimo para o meio ambiente e para os montanhistas.
Este final de semana, fui guiar um grupo de São Paulo na Serra da Mantiqueira, mais precisamente no Pico dos Marins.

Chegamos ao abrigo na base dos Marins na sexta feira às 19:00 hs, já havia reservado nosso alojamento com antecedência. (Por falar no abrigo, a infraestrutura está cada vez melhor)
Às 23:00 hs já estávamos deitados em nossas camas, para poder despertar às 5:30 da madrugada tomar o café da manhã e seguir rumo ao cume a 2.420 metros, onde pernoitaríamos. Por volta das 1:00 da madrugada chegou um grupo, que mesmo tendo sido avisados pelo SR. Dito, (dono do abrigo) que havia pessoas dormindo, não se importaram e o falatório continuo madrugada a dentro.

No horário combinado, despertamos tomamos nosso café e saímos para trilha, havia muitas pessoas em todo decorrer do caminho, alguns com caixinha de som penduradas para fora da mochila, tipo escolar, outros desorientados pedindo informações e muita gritaria e barulho.
Havia cerca de 200 pessoas subindo, perto da metade do caminho muitas começaram a voltar e vários grupos acamparam pelo caminho, mesmo antes da bifurcação Marinzinho – Marins.
Tinha fila de pessoas para passar pela pequena escaladinha antes da base do cume e nas rampas de acesso ao mesmo também.

Ao chegar no cume, montamos acampamento e em pouco tempo estava lotado, perto de 100 pessoas, parecia um mercado de peixe, o falatório era impressionante, um grupo chegou largou as mochilas e foram fumar seu baseado nas pedras do cume e o falatório cada vez mais alto. Outro grupo chegou e a primeira coisa foi ligar um baita de um som alto, por sorte era rock and Roll, mas mesmo assim, não queríamos escutar nada no cume, só queríamos tranquilidade, mas fomos obrigados escutar por horas. Um grupo do interior chegou com um saco de carvão e uma peça de carne e logo tinha fumaça e o churrasco estava rolando, outros com litros de cachaça e conhaque.

Após um tempo, alguns já bêbados outros já chapado de erva e mais música super alta, virou um inferno, deitado da barraca fechava os olhos e parecia estar no centro de São Paulo, sem exagero.
Passou das 22:00 hrs e a zona continuava, entre falatório aos gritos, alguns roncando, arrotos supersônicos, palavrões e tudo que não era para estar acontecendo ali, não podíamos dormir outra vez.

Por volta da 1:00 da madrugada ficou mais silêncio, já não havia música, só roncos e peidos incríveis.

As 5:30 acordei para começar a preparar o café, a noite não foi fria, chegou a 4 ou 5 graus. Ao redor do acampamento a cena era brutal, havia papel higiênico e dejetos humanos de todos os tamanho e formatos espalhados por todas as partes, moitas e pedras ao redor. As 6 em ponto o som alto voltou, desta vez tocando black metal e assim tomamos nosso café da manhã no cume dos Marins.
Meu grupo ficou impressionado, pois foi a primeira vez deles na montanha e para explicar que montanhista e uma coisa, turista, grupo sem noção, grupo de maconheiros e grupo de bêbados são outra coisa.

Montanhistas haviam bem poucos, talvez uns 15, sei que a montanha é para todos, mas está ficando insuportável a convivência com este tipo de pessoas, com a falta de educação, com a falta de ética e a imundice que essas pessoas fazem.

Eu pessoalmente não volto a montanha nenhuma em finais de semana, só se for a trabalho e mesmo assim, avisarei ao grupo que é bem provável que isso aconteça de novo.

Os montanhistas ou futuros montanhistas não irão encontrar o que procuram indo a montanhas mal frequentadas, como está acontecendo em todas as partes, e isso não é exclusivo do Marins.
Falta orientação, falta educação falta empatia e conscientização.

Para todos que buscam meu trabalho ou como guia ou como instrutor de escalada, aqui ou nos Andes, sempre martelo no tema ÉTICA, MÍNIMO IMPACTO e SEGURANÇA.

Por montanhas e momentos melhores.

Ética em todas as atividades de montanha

Ética da Montanha


UIAA - União Internacional das Associações de Alpinismo.

Código de Ética da Montanha

1. A Responsabilidade Individual
Montanhistas e escaladores praticam seu esporte em situações onde há riscos de acidentes e onde a ajuda externa pode não estar disponível. Com isto em mente, eles exercem essa atividade por sua própria conta e risco e são responsáveis por sua própria segurança. As ações dos indivíduos não devem pôr em perigo pessoas ao seu redor, nem danificar o ambiente. Por exemplo, a fixação de proteções fixas em novas rotas ou já existentes pode não ser automaticamente considerado como aceitável.
2. Espírito de Equipe
Membros de uma equipe devem estar preparados para fazer concessões, a fim de equilibrar as necessidades e aptidões de todo o grupo. A equipe será invariavelmente mais bem-sucedida onde os membros apoiam e incentivam um ao outro.
3. Escalada e Montanhismo em Comunidade
Cada pessoa que encontramos nas montanhas ou em uma rocha merece igual respeito. Mesmo em lugares remotos e em situações estressantes, nós devemos sempre tratar os outros como queremos ser tratados.
4. Visitante Estrangeiro
Quando somos convidados de países estrangeiros, devemos sempre ter uma conduta educada e moderada. Devemos mostrar consideração para as pessoas locais e sua cultura – eles são os nossos anfitriões. Devemos respeitar estilo e ética local de escalada e nunca fazer furos ou colocar proteções fixas onde exista uma tradicional ética contra isto ou quando não exista ética estabelecida no local. Vamos respeitar montanhas sagradas e outros lugares sagrados e sempre procuraremos maneiras de beneficiar e assistir economias e pessoas do local. Uma compreensão de culturas estrangeiras é parte de uma experiência de escalada completa.
5. Responsabilidades de Guias de Montanha e outros líderes
Guias de montanha profissionais, líderes e membros de grupos que são condutores devem entender seus respectivos papéis e respeitar as liberdades e direitos de outros grupos e indivíduos. Nesta declaração, reconhecemos os elevados padrões da prática atingidos por guias de montanha e seu corpo profissional.
6. Emergências, Agonia e Morte
Temos de estar preparados para emergências e situações que resultam em grave acidentes e morte. Todos os participantes em esportes de montanha devem claramente compreender os riscos e perigos e a necessidade de ter competência, conhecimento e equipamento. Eles precisam estar prontos para ajudar outros em caso de uma de emergência ou acidente e também estar pronto para enfrentar as consequências de uma tragédia. E espera-se que operadoras comerciais, em especial, alertem os seus clientes que os seus objetivos podem ter que ser sacrificados para ajudar os outros em perigo.
7. Acesso e Preservação
Nós acreditamos que a liberdade de acesso a montanhas e falésias de maneira responsável é um direito fundamental. Nós devemos sempre praticar nossas atividades de forma ambientalmente sensível e ser proativo na preservação da natureza e meio ambiente. Devemos sempre respeitar as restrições de acesso e regulamentos acordado entre escaladores e organizações de conservação da natureza e das autoridades.
8. Estilo
A qualidade da experiência e como podemos resolver um problema é mais importante do que se formos bem-sucedidos. Devemos sempre nos esforçar para não deixar nenhum rastro na rocha ou na montanha.
9. Conquistas
A primeira ascensão de uma rota ou uma montanha é um ato criativo. Deve ser concluída de uma forma condizente com o estilo e as tradições da região. A forma como a subida foi conseguida devem ser relatadas com exatidão.
10. Patrocínios, Publicidade e Relações Públicas
A cooperação entre os patrocinadores e montanhistas ou escaladores devem ser um relacionamento profissional que sirva aos melhores interesses dos esportes de montanha.
É responsabilidade da comunidade de esportes de montanha educar e informar tanto a mídia quanto o público de uma forma proativa.
11. Uso de oxigênio suplementar no Montanhismo
O uso de oxigênio suplementar no alpinismo de altitude tem sido debatido há vários anos. Neste debate, diferentes componentes relacionadas ao tema podem ser distinguidos, como aspectos médicos e considerações éticas. Os aspectos médicos deve ser uma preocupação primordial para todos os montanhistas. Considerações éticas são deixadas individualmente para o alpinista, desde que, se um escalador faz uso de oxigênio, planejamentos sejam feitos para remover garrafas usadas da montanha.

12. Expedições Comerciais de Altitude
Espera-se que as expedições comerciais, especialmente aquelas sem qualificações, tentando 8000 m. ou outros picos comparáveis que oferecem facilidades de resgate limitadas reconheçam as limitações dos clientes sob seus cuidados. Todos os esforços devem ser feitos para garantir a segurança desses clientes e também para avisar os seus clientes de que os planos podem ter que ser reduzidos para ajudar a outros em perigo na montanha.